Preço de venda de imóveis residenciais encerra 2020 com alta acumulada de 3,70%

Com avanço 0,47% em dezembro, Índice FipeZap mostra ligeira aceleração nos últimos meses do ano, mas se mantêm abaixo da inflação
■ Análise do último mês: o Índice FipeZap, que acompanha o comportamento do preço médio de venda de imóveis residenciais em 50 cidades, registrou avanço de 0,47% em dezembro, acelerando ligeiramente ante os avanços de 0,43% (setembro) e 0,45% (em outubro). Comparativamente, a variação mensal do índice foi inferior ao comportamento esperado do IPCA/IBGE para o mês (+1,22%), segundo expectativa publicada no último Boletim Focus do Banco Central do Brasil*. Uma vez confirmada a variação esperada dos preços ao consumidor, o preço médio de venda de imóveis residenciais encerrará o último mês de 2020 com queda de 0,74% em termos reais. Individualmente, à exceção de Brasília, onde os preços permaneceram praticamente estáveis no último mês (-0,03%), as demais capitais monitoradas pelo Índice FipeZap de Venda Residencial apresentaram elevação de preço, com destaque para as variações registradas em: Manaus (+2,65%), Maceió (+1,85%), Vitória (+1,66%), Fortaleza (+1,12%), Florianópolis (+1,02%), João Pessoa (+0,95%), Campo Grande (+0,87%), Goiânia (+0,84%), Porto Alegre (+0,80%), Recife (+0,59%) e Curitiba (+0,58%). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, municípios com maior peso na composição do Índice FipeZap, as variações nominais registradas em dezembro de 2020 foram de +0,37% e +0,30%, respectivamente.

■ Balanço final de 2020: com o encerramento do ano, o Índice FipeZap acumulou alta nominal de 3,70%, ante variação de +4,38% esperada para o IPCA/IBGE nesse período*. Na comparação entre a variação acumulada do Índice FipeZap e a inflação esperada, a expectativa é que o preço médio de venda dos imóveis residenciais encerre o período com queda real de 0,66%. À exceção de Recife, onde o preço médio de venda residencial apresentou queda de 0,38% no ano, as demais capitais monitoradas pelo Índice FipeZap registraram avanço no período, destacando-se as variações observadas em: Brasília (+9,13%), Manaus (+8,76%), Curitiba (+8,10%), Maceió (+7,90%), Vitória (+7,49%), Florianópolis (+7,02%) e Campo Grande (+5,91%). Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os preços médios de venda do segmento residencial encerraram o ano com altas acumuladas de 3,79% e 1,60%, respectivamente.

■ Preço médio de venda residencial: tendo como base a amostra de imóveis residenciais anunciados para venda nas as 50 cidades monitoradas pelo Índice FipeZap de Venda Residencial, o preço médio calculado em dezembro de 2020 foi de R$ 7.487/m². Mais especificamente, as capitais monitoradas que registraram o preço de venda mais elevado no último mês foram: Rio de Janeiro (R$ 9.437/m²), São Paulo (R$ 9.329/m²) e Brasília (R$ 7.985/m²). Já entre as capitais monitoradas com menor valor médio de venda residencial por metro quadrado no último mês, destacaram-se: Campo Grande (R$ 4.376/m²), Goiânia (R$ 4.483/m²) e João Pessoa (R$ 4.515/m²).

Nota (*): Informação publicada no Boletim Focus do Banco Central do Brasil em 04/01/22. A variação real efetiva será conhecida apenas após a divulgação do IPCA/IBGE.

O que o período pós-pandemia deve ensinar para o mercado imobiliário

Por Silvio Kozuchowicz, CEO da SKR Arquitetura Viva

Um vírus chegou com tudo no mundo e chacoalhou as estruturas de sociedades, economias, mercados e, principalmente, a vida das pessoas. Estamos escondidos, praticando isolamento social, desempenhando nossas atividades na frente do computador e sem muita certeza do impacto do que isso vai trazer para a forma de pensar, viver, escolher, interagir, decidir e consumir. Posso afirmar que existirá o AC/DC – não a conhecida banda australiana de rock and roll e nem o Antes/Depois de Cristo – mas sim o “Antes do Coronavírus/Depois do Coronavírus”, mas por enquanto estamos no meio, ainda tentando sobreviver aos efeitos devastadores desse enorme tsunami, que ainda está passando, porém, modificando cenários e nos fazendo refletir e repensar muita coisa.

O vento indomável ainda deixa tudo baseado no inesperado, mas alguns sinais já se mostram no meio disso tudo. Esse período intermediário que vivemos agora trouxe a oportunidade de experimentar um contato ainda maior com a nossa casa, descobrindo novas formas de interação com esse ambiente tão importante e que hoje nos aconchega, protege e ressignifica a nossa vida. A tecnologia, que antes distanciava, hoje aproxima.

A forma como viveremos a vida na etapa do “Depois do Corona” terá um grande impacto em vários setores, incluindo o imobiliário. A forma de arquitetar, construir e propor o viver deve passar por uma grande renovação, assim como a forma de interagir com os entornos e as cidades. Ou seja, iremos transpor cada vez mais as barreiras da imobilidade do imóvel.

Porém, eu acredito que a atemporalidade é um aspecto que ganha valor. Eu gosto muito de um artigo do estilista Giorgio Armani no qual ele faz uma reflexão sobre como serão os desfiles após a pandemia. Qual será o sentido de investir em coleções que logo perdem o seu valor. Qual é o sentido de manter a moda tão volátil? Qual é o sentido de investir em apartamentos cada vez menores que sacrificam a qualidade do morar? O barato pode sair caro.

Algumas tendências irão se tornar em movimentos que se consolidarão cada vez mais, como o coliving e a arquitetura de hospitalidade. Áreas comuns compartilhadas com estilo e funcionalidade, união de princípios como serviços, interação e a comunicação por meio da tecnologia. Isso já é realidade em alguns empreendimentos e deve se tornar ainda mais presente no período pós-pandemia.

A reflexão que o pós-Covid 19 nos deixará de lição é que a arquitetura será o principal vetor de mudança para o desenvolvimento imobiliário. Não poderemos nos ater aos modismos. Não haverá mais espaço para a criação de mercados que amanhã não terão mais a preferência das pessoas. As pessoas vão valorizar cada vez não somente a forma de habitar, mas de viver.