Apartamentos compactos: esses espaços vieram para ficar?

Por Fabio Garcez, CEO do Construtor de Vendas

A necessidade de distanciamento social transformou o comportamento do consumidor em todos os sentidos, o que ressignificou a experiência de ficar em casa, vivenciando mais este espaço. Por conta disso, muitas pessoas perceberam que seu lar não era tão aconchegante, dando início a um movimento de reformas, enquanto outros buscaram lugares diferentes para viver, mudando seu estilo de vida.
 

Segundo o Indicador de Vendas da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e da Fipe, em 2021 o mercado imobiliário registrou recorde anual nos lançamentos e nas unidades comercializadas. Houve alta de 26,1% nas vendas e 1,1% nos lançamentos. Esses resultados foram os melhores desde 2014.
 

Desde então, os apartamentos menores, com apenas 1 dormitório, considerados studios, atraem cada vez mais investidores e público. Inclusive, este tipo de moradia vai ao encontro do novo estilo de vida dos brasileiros, que com o dia a dia cada vez mais corrido, buscam imóveis em locais próximos de seus trabalhos, mesmo em home office, desde que consigam adequar a rotina no novo bairro.
 

Outro estudo realizado pelo Secovi-SP apontou que imóveis entre 30m² e 45m² de área útil estão em destaque, principalmente em São Paulo. Sabemos que essa tendência dos apartamentos compactos veio para ocupar uma lacuna na sociedade atual, que é altamente digital e tecnológica. É possível notar uma mudança sensível no comportamento das famílias e no estilo de vida de todos no Brasil e até no mundo.
 

Em relatório recente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mantém a tendência de que ter filhos já não é uma prioridade para os brasileiros e que a idade média de casamento é acima dos 30 anos. Este contexto faz com que a habitação seja pensada de forma diferente e as construtoras e incorporadoras já perceberam esse movimento. Com isso, estão criando áreas compartilhadas para reduzir o tempo nas atividades de casa e o custo com as tarefas domésticas.
 

Com unidades compactas, o prédio geralmente conta com mais unidades por andar e menos espaço para área de serviço. Dessa forma, é possível encontrar lavanderias próprias de condomínios e salas equipadas como Wi-Fi para uso de todos. Esse tipo de benefício se assemelha ao encontrado em flats e hotéis.
 

Ademais, este tipo de imóvel compacto não está exclusivamente no radar de quem quer comprar, mas é bastante procurado para alugar, o que movimenta investidores. Esse tipo de empreendimento pode ser utilizado para facilitar a vida de quem vem do interior e trabalha ou estuda na cidade, ou até mesmo como alternativa para quem está de passagem, seja por um evento específico ou para turismo, mas não quer se hospedar em um hotel, por exemplo.
 

Este novo conceito foi fortalecido pelas transformações que a pandemia causou. Porém, essa tendência já estava se desenvolvendo nos últimos sete anos, fazendo com que a indústria da construção aproveitasse melhor os espaços menores e cobrasse mais por metro quadrado dentro de bairros nobres. O perfil do público que procura por este tipo de espaço está disposto a pagar por isso, mas é um movimento que deve ser acompanhado com atenção, visto que ainda estamos descobrindo novos comportamentos para um estilo de vida pós-pandemia.