BIM 4D: a vacina para reduzir riscos e gerir ativos

Por Marcus Granadeiro, presidente do Construtivo

O BIM (Modelagem da Informação da Construção) está relacionado a processos e a tecnologias. Porém, essa compreensão não acontece de forma natural e, normalmente, o primeiro entendimento e visão da aplicação do BIM está relacionada ao modelo.
 

Apenas com o amadurecimento e o maior contato com a tecnologia é que se obtém a compreensão do BIM como um processo que, integrado, cria, utiliza e atualiza um modelo digital de construção acessado por todos os envolvidos num empreendimento durante o ciclo da construção e, posteriormente, na manutenção.
 

Assim, é comum na introdução ao BIM a busca por contratar modelos 3D, que são objetos carregados digitalmente, ou 4D, ou seja, o planejamento em relação ao cronograma da obra, com a visão da utilização destes modelos como um objeto, um ativo. Estes são casos típicos da compreensão do BIM como modelo, o BIM equivalente a um modelo 3D ou vídeo 4D do avanço da obra.
 

Este cenário é uma grande incompreensão das potencialidades da tecnologia e é preciso ressaltar que se trata de entregáveis com muito valor, principalmente no seu poder de comunicação. Um 3D com um vídeo do modelo associado a um cronograma tem a capacidade de colocar todos os stakeholders com a mesma visão e entendimento do produto e entrega final. Não podemos desprezar este benefício, inclusive porque é a principal vantagem de processos como as metodologias Scrum, que vão além da decisão sobre o que será feito. A vantagem está no pleno alinhamento pela equipe do que será realizado e por quê.
 

O grande valor do BIM, no entanto, está no processo de geração destes entregáveis e podemos dizer que nele encontramos nossa vacina contra a falta de qualidade, os atrasos e os estouros de orçamento, pois no BIM 4D controlamos os riscos para que as obras contem com escopo, prazo e custo previstos.

Em se tratando de ganhos reais, estudos apontam que a implementação do BIM em obras de infraestrutura possibilita reduções de 8% a 22% nos custos do empreendimento e diminuição de até 33% nos prazos.
 

Quando falamos em BIM 4D, o valor está em acompanhar o andamento da obra, comparar impacto das atualizações dos cronogramas e modelos ao longo do tempo, garantir a qualidade da atualização dos dados de campo com evidências, como nuvem de pontos e registros por aplicações em celular, além de gerar gráficos, modelos e indicadores de desempenho.
 

O valor agregado vem da integração sistêmica do processo, eliminando feudos de informações, represamentos e atrasos nos reportes, reforçando a plena transparência. Assim, o modelo 4D é apenas a consequência do processo.
 

A discussão e a revisão do Plano de Execução BIM, denominado PEB, para as atividades de supervisão e gerenciamento são medidas fundamentais para a adequada execução que definirá os novos players de gerenciamento nesta transformação digital.
 

Mais do que competitividade, a indústria da construção civil precisa associar a inovação à maior velocidade, menor investimento e riscos.