Construtoras criam programas de sócios regionais para consolidarem expansão pelo País

er olhar de dono para o negócio, visão sistêmica, ser líder, sonhar grande, demonstrar paixão pelo trabalho e uma boa dose de resiliência. Esses são alguns dos atributos e expectativas do processo seletivo do Programa Sócio Regional Engenharia das empresas Bild Desenvolvimento Imobiliário e Vitta Residencial Construtora e Incorporadora. O programa, que começou a ser implementando há cerca de dois anos, ganha agora uma nova envergadura e se consolida para formar a primeira turma de candidatos ao tão sonhado título de sócios da empresa. Desta seletiva inicial, os aprovados poderão concorrer a vagas de sócios engenheiros e poderão atuar em unidades regionais do grupo em funcionamento. No dia 25 de junho, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, um grupo formado por 28 profissionais passou por uma experiência marcante: participar de uma dinâmica seletiva com a presença de uma pessoa escolhida a dedo – que podia ser um familiar, amigo, colega profissional do próprio ambiente de trabalho ou mesmo fora dele. A origem do relacionamento não importou, o que contou mesmo foi o quanto a pessoa convidada conhecia o candidato e podia falar de seus pontos fortes, fraquezas, perfil e potencialidades humanas e profissionais. A experiência foi coordenada pela área de gestão e pessoas das duas companhias e causou emoção entre os participantes.

Juliana da Silva Soares, coordenadora do NAP (Núcleo de Apoio de Produção) da Vitta Residencial, unidade de Bauru, é uma das engenheiras concorrentes. Ela trabalha há dois anos na construtora e ficou motivada a participar logo que conheceu o programa. A profissional trouxe uma amiga de longe: Sueli Ferraz Lima, que viajou de Belo Horizonte a Ribeirão Preto só para participar da dinâmica. As duas se conheceram em 2012, trabalharam juntas em outra construtora e são inseparáveis nas principais tomadas de decisões pessoais. Para a amiga de Juliana, foi sensacional participar da atividade de seleção. “Fiquei muito orgulhosa por ela me convidar e a incentivei muito a participar”. Por outro lado, Juliana demonstra-se confiante e diz que só de participar da ação já é um aprendizado.

Outra engenheira que visa ser dona do negócio é Vivian Fernandes, que atua no NAP da Vitta Residencial, em Ribeirão Preto. Ela trouxe quem, para ela, mais a conhece: sua mãe. “Está sendo uma experiência incrível trazer um familiar para estar com a gente neste desafio. É uma ideia perfeita e tem tudo para dar certo”, comenta. Sua mãe, a aposentada Cleide Fernandes, ficou encantada com a inovação que as construtoras criaram para encontrar colaboradores com perfis de sócios. “Foi maravilhoso e surreal. Não é qualquer empresa que faz isso. Dou graças a Deus por estar viva e poder participar desta experiência que nunca vi no mercado, mesmo depois de ter trabalhado tantos anos”.

O gerente técnico da Bild, Henrique Goulart, levou seu pai, José Roberto Gomes dos Santos para representá-lo. O engenheiro, que está na empresa há sete anos, classificou a oportunidade como um privilégio. “Independente do resultado é uma vivência muito válida. Estar aqui e conhecer o potencial de mais pessoas, é isso que fica”, diz Henrique. Já seu pai viu com bons olhos a proposta. “Fiquei muito surpreso com esta iniciativa. Mesmo com toda minha experiência profissional [já passei por grandes empresas], nunca tinha visto nada semelhante antes”, destaca.

A coordenadora de projetos da área de pessoas e gestão e responsável pelo programa, Francine Almeida de Mendonça, conta que antes de atuar nas duas companhias, teve várias experiências profissionais, inclusive em outros países, como Itália e Inglaterra e, também não encontrou nenhuma ideia parecida. Ela classifica o programa como inovador e com alto potencial de alavancar os negócios das construtoras. “Trata-se de um processo que estimula o empreendedorismo entre os colaboradores”, conta. Francine explica que, além deste programa, também está sendo estruturado o Programa Sócio Regional. Os dois se complementam. A profissional destaca que este é um trabalho feito a muitas mãos. “O que mais me atraiu nos programas é que dão importância às pessoas”, ressalta.

Visão dos donos
Rodrigo Villas Boas, um dos sócios fundadores da Bild e da Vitta Residencial diz que o programa é um sonho realizado. Ele conta que a mentalidade dos sócios estruturais da empresa sempre foi focada no conceito de que o segmento em que atuam não é industrial e, sim, artesanal. “Por conta deste modelo, com o tempo chegamos à conclusão de que a diferença no final do dia são as pessoas com espírito de donos”. O executivo lembra que, após ter implantado uma estrutura de sócios regionais com observação prática e real, o grupo resolveu sistematizar um processo mais democrático de promoção de gestores a proprietários. Hoje, o grupo, com quase 2 mil colaboradores, configurou uma genética com vários DNAs empreendedores e tem musculatura para crescer consolidado. “Resolvemos montar um programa para dar asas para quem quer voar. Começamos a implantá-lo e estou otimista que será muito promissor”, diz. Villas.

Outro sócio, Rodrigo Saccarelli, avalia o programa como um marco para o grupo. “É o primeiro de muitos, com certeza, o que vai fazer que a gente consiga estruturar todo o nosso objetivo baseado em crescimento de novas cidades”, expressa. Saccarelli traduz o programa como uma formação de pessoas. “O dia de hoje é para indicar um norte para essas pessoas que estão aqui dentro”.

Villas acredita que o programa vai potencializar ainda mais as duas empresas e estimulará muitos empreendedores a se revelarem. “Com o tempo, pessoas de fora também vão querer trabalhar conosco para poderem ter o seu próprio negócio”. Hoje, ele sinaliza que o grupo “tem que mudar” e garante: “os líderes da primeira estrutura de sócios terão que assumir uma postura muito mais inspiradora, com a missão de instigar o todo”.

Quem vai decidir muito mais daqui para frente, na ótica do empresário, é quem está ali tocando o negócio. “Com esse programa, vamos ter muitos sócios, muitas cabeças de dono, com as particularidades de cada cidade. A expectativa é que isso se multiplique. A tendência é a gente se espalhar pelo Brasil inteiro, numa velocidade muito mais rápida na próxima década do que na primeira que trilhamos”, finaliza Villas.