CRIs, lajes corporativas e renda urbana ficam mais atrativos após turbulências no mercado de FIIs, mostram especialistas

A proposta de tributação dos dividendos, inserida na Reforma Tributária apresentada pelo Governo Federal, trouxe incertezas para o mercado de fundos imobiliários no curto prazo e derrubou a maioria das cotações entre junho e julho. No dia em que as propostas de mudanças no Imposto de Renda foram anunciadas, em 25 de junho, o IFIX chegou a cair mais de 3% (fechando o dia com queda de 2,02%) e com alguns fundos caindo mais de 6% no período. Mas o sentimento de “pânico” dos investidores já diminuiu após as primeiras semanas de turbulência: em julho, com balanço positivo de 2,29% até a última semana, o IFIX já sinaliza momento mais atrativo para o mercado – e especialistas veem bom momento para investimentos em segmentos em recuperação, como lajes corporativas, CRIs e renda urbana.

“De maneira geral, a tese de investimento em FIIs se mantém viável observando também o prêmio de risco ao comparar o retorno desses ativos com a curva dos juros futuros. O que vemos no curto prazo, com aumento dos juros nos próximos dois anos, é algo que afeta o mercado, porém o investidor precisa estar focado no longo prazo”, analisa Gabriel Pereira, assessor especializado em Fundos Imobiliários da Acqua-Vero Investimentos.

Mas levando em consideração as preocupações mais urgentes dos investidores, ainda há como preparar uma carteira com fundos que possam se sobressair no segundo semestre de 2021. O especialista destaca fundos de renda urbana, como o TRXF11 – fundo de tijolo que possui mais de 80% do seu portfólio composto por lojas alugadas para redes supermercadistas. “Buscamos gestoras com posição diversificada em quantidade de ativos, localização e, principalmente, observando o risco de crédito dos locatários – seguindo a recomendação de casas de análise como a Eleven Research, que inclui o TRXF11 entre seus papéis recomendados”, explica Pereira.

O assessor também destaca o potencial de fundos de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), principalmente aqueles com exposição atrelada ao CDI. Estes devem se beneficiar com a estabilização dos pagamentos mensais de dividendos. “Um ativo que acompanhamos desde o início é o RZAK11, que possui mais de 50% da carteira posicionada em juros e tende a ter valorização com os dividendos pagos nos próximos meses, recomendação que também seguimos com base em estudos da Eleven.”

Há ainda segmentos que enfrentaram período difícil com a pandemia, mas que devem aproveitar a retomada da economia nos próximos meses. O assessor Maicon Melo, sócio da Online Traders, destaca a atratividade do setor de lajes corporativas após mais de um ano imerso em incertezas. “Estes FIIs sofreram com a vacância de escritórios, mas nas últimas semanas tivemos anúncios de empresas de grande porte, como Amazon e Shopee, em retas finais para locarem grandes espaços da Faria Lima. No segundo trimestre de 2021, tivemos a primeira vez um saldo positivo entre áreas contratadas versus áreas devolvidas nas principais regiões de São Paulo desde o início da pandemia. Temos ainda fundos abaixo de seus valores patrimoniais que seguem pagando dividendos de 6 até 8% ao ano. É um cenário interessante”, avalia ele.