Disparada no preço dos imóveis nos EUA favorece fundos imobiliários

A forte demanda por imóveis nos Estados Unidos aliada à alta nos custos de construção levou a um aumento de 19,2% nos preços dos imóveis nos EUA em julho em relação ao mesmo mês de 2020, de acordo com os números mais recentes da Federal Housing Finance Agency (FHFA) daquele país. Com o mercado aquecido, o tempo para venda dos imóveis também tem batido recordes no país. No estado da Flórida, propriedades de valor até US$ 600 mil estão sendo vendidas em média com menos de 20 dias, período que no Brasil chega a 16 meses, segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).

O FUND32, da boutique de investimentos imobiliários norte-americana YellowFi, aproveita o ambiente favorável em cidades como Miami, Orlando e Jacksonville. O fundo, que possui uma maioria de cotistas formada por investidores brasileiros, encerrou o primeiro quadrimestre de operação atingindo a marca de US$ 3 milhões em negócios no pipeline. Lançado em maio, o FUND32 financia projetos da D32 Invest, empresa fundada pelo ex-goleiro Doni Marangon especializada em incorporação, construção e venda de casas e apartamentos na Flórida.

Na avaliação do fundo, os períodos de lockdown mudaram hábitos de consumo, consolidando a moradia residencial como um ativo essencial para as famílias. A combinação impactou positivamente na performance e na qualidade do portfólio do FUND32, que projeta financiar a construção de até 200 casas com os recursos captados no primeiro ano.

Atualmente, o fundo apoia a construção de cerca de 50 casas na região de Marion County, na parte central do estado, e se prepara para novos projetos nos próximos meses. O volume de negócios já contratado pela Incorporadora e Construtora projeta a entrega de mais de 3,2 mil unidades, com potencial de vendas no valor de US$ 600 milhões.

A National Association of Mortgage Brokers divulgou que em julho existiam cerca de 689.000 casas em construção nos Estados Unidos, maior número desde 2007. Soma-se a isso o fato de que 76,6% das unidades já são vendidas na planta, o que diminui consideravelmente o risco para os construtores e para o ecossistema do mercado imobiliário.

“Na Flórida, sempre tem gente chegando e precisando de mais imóveis, porque a tributação e o clima são mais favoráveis que em outros estados”, afirma Cássio Segura, vice-presidente executivo da YellowFi e ex-presidente do Banco do Brasil Americas.

Os recursos dos projetos financiados pelo FUND32 são investidos na construção de casas na Flórida com valor de venda de aproximadamente US$ 200 mil cada uma. Geralmente compostas por dois quartos e destinadas a famílias com renda mensal de até US$ 5 mil, as residências da D32 seguem um modelo mais acessível, em um padrão conhecido como “workforce housing”, ou “casa para o trabalhador”. Essa faixa representa 85% do mercado imobiliário na Flórida, região que vem recebendo cerca de 1 mil pessoas por dia que decidem se mudar em definitivo para o estado.  

O FUND32 financia 80% do valor de construção de casas vendidas na planta. Cerca de seis meses depois, quando o comprador contrata com um banco o financiamento para custear a casa, o fundo recebe o pagamento integral via cartório, que então poderá transferir a hipoteca ao banco. Os recursos serão, então, reutilizados no financiamento da construção de outras residências.